O Ceará é o 11º colocado no ranking nacional de autorizações de trabalho e figura em terceiro no Nordeste
A cada ano o Brasil parece tornar-se um ambiente mais atrativo para os cidadãos de outros países. Não só pela valorização da moeda, mas pela perspectiva de crescimento, meros visitantes/turistas acabam por transformarem-se em empreendedores, motivação que culminou com um crescimento de 37,7% no número de autorizações concedidas pelo Trabalho e do Emprego (MTE) para que estrangeiros pudesse montar negócios só no Ceará entre os meses de janeiro e junho deste ano.
Saltando de 183 licenças emitidas no mesmo período do ano passado para 252, a audiência cearense com os estrangeiros deixou o Estado em 11º colocado no ranking nacional de autorizações e terceiro no Nordeste, ficando atrás de Rio Grande do Norte (695) e Bahia (269). Nacionalmente, Rio de Janeiro (11.377), São Paulo (9.635) e Minas Gerais (982) foram os mais solicitados.
Entre as pessoas de outra nacionalidade que apostaram no potencial local, as proprietárias da Pousada Nova Era, em Jericoacoara, enquadram-se no perfil de pessoas físicas que visitaram a cidade e, no caso delas, inesperadamente, resolveram ficar e empreender.
"Eu vim, pela primeira vez, em 1992 para passar cinco dias aqui (em Jericoacoara) e não consegui mais ir", conta Virgínia Letterese, 63, sobre o seu primeiro encontro com a praia cearense que a fez largar a massoterapia na Itália e passar a ser dona de pousada no Ceará.
"No primeiro momento achei absurdo morar do outro lado do mundo, mas me encantei com o lugar e não resisti", contou.
Entre temporadas passadas no Estado, ela resolveu montar o negócio só em 2004, "quando um nativo resolver vender um terreno, barato na época". Daí, trouxe a filha, Paola, que acabou casando com um cearense, e passou a investir no negócio.
"Todo ano, na baixa temporada, fomos aplicando e ampliando a pousada, mas não quero construir mais. Vamos melhorar o que temos sem construção, privilegiando o verde", revela sobre como pretender lidar com os cerca de 4 mil metros quadrados do lugar.
A italiana ainda valorizou a investida no Ceará quando ressaltou a perspectiva de crescimento para o setor nos próximos anos, apostando tanto vinda de estrangeiros para cá quanto no turismo nacional.
Atualmente, segundo a assessoria de imprensa do MTE, além do encanto como o de Virgínia, é exigido um investimento mínimo de R$ 150 mil iniciais para garantir a prosperidade do empreendimento.
Número de autorizações
Elas, Virgínia e sua filha, fazem parte da maioria italiana que domina as autorizações concedidas no Ceará, segundo os dados do MTE. Ao todo foram 45 nos primeiros meses do ano, enquanto os dinamarqueses despontaram na segunda colocação em uma ascendência desde 2008 - quando eram quarto lugar - ao contabilizar 32, no mesmo comparativo. Já os portugueses, que sempre estiveram em segundo, passaram para o terceiro ao contabilizar 27 concessões em 2011. Suíços (19) e Estados Unidos (19) dividem o quarto com o mesmo número.
Análise
Para o coordenador de Estudos e Análise de Mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, a vinda de estrangeiros torna-se normal quando o Brasil passa a ser uma das nações em destaques no mundo.
"Os Estados Unidos cresceram muito assim, quando acolheram refugiados da Segunda Guerra", argumentou ressaltando a peculiaridade local, a qual tem investimentos mais concentrados no setor hoteleiro e gastronômico do Estado.
Outra característica ressaltada como positiva por Mesquita é que a criação de novos negócios, apesar de ainda serem, em sua maioria, de pequeno porte, passa a gerar um aumento na oferta de emprego da região.
Além disso, a expectativa de desenvolvimento ainda aumenta as expectativas da criação de mais vagas de trabalho no Estado a partir destes negócios que chegam à região.
QUEM MAIS CHEGA
Italianos 45
Dinamarqueses 32
Portugueses 27
Suíços 19
Norte-americanos 19
Jamaicanos 16
Espanhóis 14
Alemães 13
Chineses 9
Indianos 8
Outros 50
EM SEIS MESES
Investimento contabilizado no Estado atinge R$ 15,5 mi
Estrangeiros precisam aportar R$ 150 mil nos empreendimentos que intentam implantar em território nacional
A partir da exigência dos R$ 150 mil iniciais para serem aplicados nos empreendimentos que estrangeiros pretendem implantar no Brasil, um montante de R$ 81,79 milhões foi contabilizado no levantamento realizado pelo Ministério do Emprego e Trabalho (MTE), dos quais R$ 15,57 milhões correspondem só aos negócios implantados no Estado do Ceará durante os seis primeiros meses deste ano.
A quantia foi a segunda maior entre todas 27 unidades da federação, ficando abaixo apenas de São Paulo, que registrou R$ 25,2 milhões.
Comparada ao mesmo período do ano passado, quando R$ 11,96 milhões aportaram no Ceará, o valor que chega ao Estado a partir do dinheiro de estrangeiros recebeu um incremento de 30%.
O comparativo nacional também aumentou nos primeiros seis meses deste ano ante o ano passado, chegando a 11% mais, no salto de R$ 73, 64 em 2010 para os R$ 81,79.
Nordeste em destaque
Entre os dez primeiros estados do ranking de investimentos gerados a partir das autorizações concedidas a estrangeiros pelo MTE para 2011, metade deles são da região Nordeste.
Abaixo do Ceará, seguem com os maiores aportes nacionais os estados do Rio Grande do Norte (R$ 8 milhões), Bahia (R$ 7 milhões), Paraíba (R$ 2,15 milhões) e Pernambuco (R$ 1,4 milhões). (AOL)
ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
REPÓRTER
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