10.08.2011 Percurso de muitos sons
Hoje a Orquestra Filarmônica do Ceará dá mais um passo em seu projeto "As Nove Sinfonias de Beethoven", com apresentação no TJA
Cinco já foram, faltam quatro. É esse o saldo positivo alcançado até agora pela Orquestra Filarmônica do Ceará, dentro do projeto "As Sinfonias de Beethoven", no qual o grupo apresenta as nove célebres peças do consagrado compositor alemão. A próxima edição, com a 6º Sinfonia (conhecida como "Pastoral"), acontece hoje, às 20 horas, no palco principal do Theatro José de Alencar.
Segundo o maestro da Orquestra, Gladson Carvalho, trata-se de uma iniciativa inédita no Brasil. "Fizemos esse projeto em comemoração aos 13 anos da Orquestra, completados em 2011. As apresentações vêm acontecendo desde março. Em julho executamos a 5º Sinfonia, agora vamos para a 6º", explica. "Ao executar o conjunto das nove sinfonias de Beethoven, a Orquestra torna-se habilitada para apresentar qualquer peça", complementa o maestro.
Segundo Gladson, os concertos têm lotado o TJA. "Comparecem entre 600 e 700 pessoas. Não cobramos ingressos, mas doações para instituições. Já ajudamos a Associação Madre Paulina, o Lar São Francisco de Assis, a Maçonaria, a Associação Peter Pan. Acho justo usar a Orquestra para fazer filantropia e diminuir sofrimento das pessoas", complementa o maestro.
Nos programas de cada edição, além do repertório, há informações sobre a Orquestra - hoje composta por 62 músicos, entre profissionais e estudantes - e sobre o maestro. Com o propósito de descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais, a sinfonia Nº 6 de Beethoven (Pastoral), é dividida em cinco movimentos - Allegro ma non troppo; Andante molto mosso; Allegro - "dança campestre"; Allegro - "A tempestade"; e Allegrettoe - hino de ação de graças dos pastores, após a tempestade. A apresentação conta ainda com o Concerto nº 1 Opus 6 para violino e orquestra, de Niccolo Paganini, com presença do solista Paulo Leniuson.
A escolha por Beethoven deriva de sua importância para o cenário da música erudita mundial. "Ele foi o único compositor que pertenceu a dois períodos, o Classicismo e o Romantismo. Fez parte da 1º Escola de Viena, junto com Haydn e Mozart. Esse trio foi a célula mãe do Classicismo. Beethoven compôs sinfonias inteiras mesmo após perder a audição. Desafiou o entendimento de médicos e da ciência, por isso é considerado revolucionário", ressalta Gladson.
Trajetória
Entre os anos de 2004 e 2006, a Filarmônica do Ceará permaneceu parada por falta de verbas e, consequentemente, de projetos. Em 2007, com o retorno do maestro Gladson (até então envolvido em outros projetos, como a fundação da Orquestra Sinfônica Jovem de Jijoca de Jericoacoara e a restauração da Orquestra Sinfônica de Sergipe), o grupo passou pela primeira reestruturação, graças a um patrocínio do Banco do Nordeste, via Lei Rouanet.
As apresentações advindas do apoio financeiro geraram visibilidade para o grupo e chamaram atenção da Coelce, que desde 2009 patrocina a Filarmônica do Ceará, por meio do Edital Mecenas da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult). Neste ano, foram mais de 40 concertos realizados, em Fortaleza e municípios como Tauá, Beberibe, Redenção, em teatros, associações e eventos.
Além de um trabalho mais estruturado e melhores condições de atuação para os músicos, a boa fase da Filarmônica do Ceará tem rendido revelações de novos talentos. O tenor Ricardo Máximo é um deles. Descoberto por Gladson, estreou na Orquestra em 8 de abril, dia da apresentação da 2º Sinfonia de Beethoven, e hoje é contratado.
Já o trompetista Jean Carlo foi promovido à posição de solista oficial em junho deste ano (4º Sinfonia). O grupo também ganhou novos sotaques, com a incorporação de músicos internacionais. Um deles é o cubano Pero Maranjes, contratado há cinco anos, que veio parar no Ceará atrás de trabalho. "Como a Filarmônica é única do gênero, acabou nela", brinca Gladson. Na mesma época chegou o timpanista Davi Krebs, natural de Colônia, Alemanha.
Além dos contratados, há os solistas convidados - caso do pianista Reginaldo Mordenti, que participou da 5º Sinfonia, em julho. Natural de São Paulo, Mordenti morou muitos anos na Áustria, o que lhe rendeu dupla nacionalidade. "Agora temos a meta de convidar três solistas internacionais e dez nacionais por ano, para se apresentar com a Orquestra", adianta Gladson.
Ao fim do projeto das Nove Sinfonias de Beethoven, já há outro espetáculo planejado. "Faremos o ´Réquiem´, de Mozart. Réquiem é uma missa encomendada para morte, cantada", explica o maestro. A apresentação acontece em 2 de novembro, também no TJA.
"Junto com ao Orquestra, teremos o coral e quatro solistas que estamos trazendo da Espanha. Ao fundo serão projetadas imagens referentes às religiões e os conflitos gerados pelos homens por causa delas, às duas Grandes Guerras, à fome no planeta e outros aspectos. É um concerto que une vídeo e música", antecipa Gladson.
Em 2004 o maestro ganhou um prêmio por esse projeto em Aracaju (SE). Agora, com as imagens reeditadas, traz a ideia para Fortaleza. Não por acaso a apresentação acontece no Dia de Finados. "A proposta é convidar o público a um lugar diferente para relembrar seus entes queridos. Para tanto, o ambiente no Theatro será de penumbra".
Outro projeto recente da Filarmônica do Ceará é o Grandes Clássicos, programa educativo gravado na Assembleia Legislativa do Ceará e veiculado pela TV Assembleia. "Levei a Orquestra para dentro do Plenário 13 de Maio, onde gravamos toda quarta-feira à noite. Vamos tocando e dando explicações sobre os gêneros de música erudita, como romantismo, classicismo", esclarece Gladson. O Grandes Clássicos, que teve início há dois meses, vai ao ar todos os domingos, às 18 horas.
MAIS INFORMAÇÕES:
Concerto com Orquestra Filarmônica do Ceará: 6º Sinfonia de Beethoven. Às 20 horas, no Theatro José de Alencar (Praça José de Alencar, s/n, Centro). Entrada: 2 Kg de alimentos e doação de um livro novo ou usado. Contato: (85) 3101.2583
ADRIANA MARTINSREPÓRTER
Fonte: Diario do Nordeste
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